domingo, 16 de novembro de 2008

O abismo que separa as pessoas

Tarde ensolarada de domingo. Aproveitando o calor e o final de semana para limpar o apartamento. Ao ir levar o lixo para a área de coleta, ao meio do caminho me deparo com um rapaz triste, ao que parecia chorando. Em um singelo ato de simpatia digo 'Boa tarde!', e ele responde com uma voz meio fonha 'Boa tarde!'. Continuei andando para levar o lixo ao seu local, pois seu cheiro estava insuportável.
Pensei comigo 'dizer-lhe boa tarde naquele estado? Que atitude mais mecânica! Você não percebeu a situação? Você poderia ter dito outra coisa, um simples oi seria melhor... mas falar boa tarde? Nem você está bem hoje! Que mania sua é essa de se mostrar bem, com tudo maravilhoso, ao cumprimentar ou conversar com pessoas novas, sem expor realmente o que está sentindo?'.
Continuei andando e coloquei o lixo ainda me indagando com isso, e a pensar o que teria acontecido para aquele rapaz estar ali, fora do apartamento, chorando e se expondo...
Poderia eu ajudá-lo? Como chegar próximo dele e falar sobre o assunto? Mas se ele precisa de alguém para conversar, ele não deveria pedir? As pessoas deveriam ser mais humildes e pedirem o que querem? Ou as pessoas deveriam ser mais solícitas e se prontificarem?
Outros pensamentos entraram neste emaranhado, estaria eu quendo ajudá-lo pelo simples fato de ajudar alguém, de tornar o dia da pessoa menos pesado? Ou estaria eu na verdade interessado no bem afeiçoado rapaz?
Tantos questionamentos, tantos receios que concretizaram o abismo que nos impossibilitou de conhecermos e, quem sabe, tornar o dia do outro melhor...